Quem somos nós?

Minha foto
Divinópolis, Minas Gerais, Brazil
Ulisses A. Natividade, Pedagogo, Biólogo,Professor de Ciências, Biologia e Física.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Aborto no Brasil: mortes em silêncio


Jerry Borges traça um panorama dos casos de interrupção da gravidez e seu impacto sobre a saúde pública, além de abordar a questão da descriminalização dessa prática no país e as divergências sobre o início da vida.
Por: Jerry Carvalho Borges

Nas últimas semanas, o país tem debatido de forma acalorada sobre a descriminalização do aborto e, consequentemente, os direitos da gestante e de seu concepto. Apesar de tal discussão se referir a casos específicos (anencefalia), é extremamente apropriado e atual debater sobre os diversos aspectos do aborto no Brasil.
O aborto tem se convertido nos últimos anos em um grande problema para a saúde pública mundial, pois a interrupção da gravidez, por meios legais ou ilegais, tem se tornado cada vez mais frequente. Essa situação acarreta um elevado número de mortes e compromete a saúde de milhares de mulheres.
Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que ocorrem a cada ano no planeta cerca de 87 milhões de casos de gravidez indesejada. Desses resultam entre 46 milhões e 55 milhões de abortos.
Diariamente ocorre no mundo um aborto a cada 24 segundos

Diariamente, são realizadas cerca de 126 mil interrupções voluntárias da gravidez, ou seja, ocorre um aborto a cada 24 segundos. Comparativamente, é como se 1/4 da população brasileira ou todos os habitantes da Itália, ou da Espanha ou da Argentina fossem exterminados em um único ano. A grande maioria desses abortos (78%) ocorre em países em desenvolvimento.
A cada ano, aproximadamente 18 milhões de mulheres abortam de forma clandestina. Anualmente, cerca de 13% da mortalidade materna no planeta são atribuídos a abortos malsucedidos.
A situação brasileira

Segundo estimativas de 2001, 10% das gestações noBrasil terminam em aborto (foto: Hilde Vanstraelen / sxc.hu).
No Brasil, estimativas realizadas em 2005 com base em internações hospitalares decorrentes de complicações provenientes de abortos registradas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) indicam que ocorrem cerca de 1,5 milhões de abortos a cada ano. É como se fosse eliminada totalmente a população de Porto Alegre, ou de Recife, ou de Campinas e Niterói juntas.
Cálculos do Ministério da Saúde, por sua vez, revelam que 3,7 milhões de mulheres entre 15 e 49 anos induziram aborto (7,2% do total de mulheres em idade reprodutiva). Estimativas de 2001 indicam que 10% das gestações acabam em aborto, que se constitui na quarta causa de óbito materno no país, vitimando 9,4 de cada 100 mil gestantes.
Estudiosos do tema acreditam que o número de interrupções não naturais da gestação é subestimado, pois a maioria das mulheres que fazem abortos recorre a clínicas clandestinas, somente procurando os serviços de saúde pública se algo der errado.
A realização de curetagens devido a abortos é o segundo procedimento obstétrico mais praticado no país

O impacto dos abortos ilegais é enorme e pode ser estimado por meio dos casos em que as gestantes têm complicações ─ que não conseguem solucionar sozinhas ou nas clínicas clandestinas ─ e acabam por ter que recorrer aos serviços de saúde. A realização de curetagens devido a abortos tem se tornado cada vez mais comum, sendo, de acordo com o Ministério da Saúde, o segundo procedimento obstétrico mais praticado no país, após os partos normais.
Apesar da enorme frequência de abortos no país, o Código Penal Brasileiro prevê uma pena de 1 a 10 anos de detenção, de acordo com a situação, como punição para o aborto. Além disso, afirma que a interrupção não natural da gravidez pode ocorrer apenas em duas situações: quando houver risco de morte para a gestante ou a gravidez for resultante de estupro. Contudo, mulheres presas por fazer abortos são uma raridade.
As razões do aborto
Mas o que faz uma mulher optar por interromper uma gravidez mesmo correndo riscos enormes para a sua saúde e até para a sua liberdade? Obviamente, nenhuma mulher em seu juízo perfeito escolheria realizar um aborto. Contudo, há uma série de outros fatores envolvidos.
Um estudo recentemente publicado traz uma série de novas pistas para se esclarecer os motivos e o perfil das mulheres que realizam abortos no Brasil. Essa pesquisa, coordenada por Débora Diniz, antropóloga da Universidade de Brasília (UnB), e por Marilena Corrêa, médica sanitarista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), avaliou mais de 2 mil estudos sobre o aborto no país. Os resultados contrariam o senso comum, segundo o qual esperaríamos uma maior taxa de abortos entre adolescentes e mulheres com pouco estudo, desempregadas, solteiras e não católicas.



Segundo Diniz e Corrêa, a maioria das mulheres que abortam tem entre 20 e 29 anos e possui uma união estável (cerca de 70%). Essas mulheres têm até oito anos de estudo e a maioria trabalha e é católica (entre 44,9% e 91,6%, dependendo do estudo analisado).
A maior parte delas possui, pelo menos, um filho (entre 70,8% e 90,5%) e é usuária de métodos contraceptivos (principalmente a pílula anticoncepcional). Segundo vários estudos, a realização de abortos seria uma solução utilizada por muitas mulheres quando os métodos contraceptivos falham.

A maioria das mulheres que abortam no Brasil possui uma união estável, trabalha e é católica.

As análises também indicam que entre 50,4% e 84,6% das mulheres que interrompem a gravidez utilizam o misoprostol (conhecido popularmente como Cytotec), um medicamento vendido ilegalmente em todo o país.
A perda do apoio da família e do pai da criança e a carência de iniciativas educacionais e assistenciais do poder público para auxiliar gestantes, aliadas a problemas financeiros associados com a manutenção de uma criança indesejada e com a exiguidade de perspectivas futuras são fatores que contribuem para a decisão a favor do aborto. Contudo, essa decisão não é simples de ser tomada e, muitas vezes, representa prejuízos psicológicos enormes e duradouros para aquelas que optam por ela.
A maioria da população brasileira parece não estar ciente dos enormes problemas causados pelos abortos clandestinos em nosso país. Uma pesquisa realizada em março de 2007 pelo Instituto de Pesquisas Datafolha (do jornal Folha de S. Paulo) revelou que a maioria dos entrevistados (65%) é contrária a mudanças na atual legislação sobre o aborto e que cerca de 16% são favoráveis a uma expansão na legislação. Apenas 10% dos entrevistados afirmam que o aborto deveria ser descriminalizado, algo que já ocorre em 97 países, que reúnem cerca de 66% da população mundial.
Manifestação a favor da legalização do aborto realizada em São Paulo no anopassado no Dia Internacional da Mulher (foto: Christiensen/ Wikimedia Commons).
O debate sobre o início da vida
O debate sobre a ampliação do direito ou descriminalização do aborto é complexo. Posições religiosas contrárias são fortes. Já a Constituição Brasileira afirma que o país é laico e é responsável pelo bem-estar dos indivíduos. Mas a partir de que momento o concepto pode ser considerado um indivíduo?
A partir de que momento o concepto pode ser considerado um indivíduo?
O desenvolvimento embrionário depende de uma série de transformações orquestradas ao longo de 38 semanas de desenvolvimento. Para alguns cientistas, a vida começaria durante a fecundação (1º dia de gestação), quando ocorre a união dos gametas feminino e masculino e a formação da primeira célula (zigoto), que já possui todos os genes do futuro indivíduo. O zigoto, contudo, é uma célula indiferenciada, e sua diferenciação se iniciará somente durante a gastrulação (em torno de 13 dias após a fecundação).
Como a ausência de atividade cerebral é o evento associado com a morte humana, outros pesquisadores consideram que o início da vida humana ocorre apenas com o surgimento da atividade neuronal, na 4ª semana após a fecundação.
Um outro ponto de vista associa o início da vida com a capacidade do concepto de sobreviver de forma independente. Segundo essa hipótese, o feto somente poderia sobreviver fora do organismo da mãe, desde que tenha cuidados médicos intensivos, a partir de 25 ou 27 semanas ou, alternativamente, após o parto, quando, segundo as leis brasileiras, o indivíduo adquire direitos básicos como o registro civil.


Segundo as leis brasileiras, o indivíduo adquire direitos básicos após o parto (foto: Gengiskanhg/ Wikimedia Commons – CC BY 3.0).

Na verdade, a definição da origem da vida é uma discussão inócua e que admite uma série de pontos de vista conflitantes. Para alguns, desde a fecundação o concepto já possui a potencialidade para gerar uma nova vida, que será engendrada após uma série de eventos sucessivos e programados. Para outros, contudo, o embrião, por si só, representa apenas um amontoado de células que, se deixadas sem o apoio da mãe, não gerarão nada.
Independentemente da posição que seja adotada, a favor ou não de modificações na legislação sobre o aborto, algo é claro: há uma necessidade de que o tema seja mais discutido e que a população seja mais informada sobre o massacre a que são submetidas milhões de brasileiras que optam em desespero por interromper uma gravidez.






Continuando nossa reflexão, veja como o mundo trata a questão do aborto.


É importante lembrar que no Brasil o aborto nos casos de anencefalia passou a ser permitido no dia 12 de abril de 2012.

terça-feira, 24 de abril de 2012


          Durante esta última semana, muito se falou sobre a liberação do aborto em caso de anencéfalos. 
          Como educadores e professores de Biologia, não poderíamos deixar de comentar sobre esse assunto de extrema importância para a sociedade aqui no meubioblog, deixando claro que nossa intenção é unicamente informativa e reflexiva.
          

Com a decisão, STF  libera a interrupção de gravidez de feto anencéfalo.


Após dois dias de debate, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na quinta-feira (12 de abril) que grávidas de fetos sem cérebro poderão optar por interromper a gestação com assistência médica. Por 8 votos a 2, os ministros definiram que o aborto em caso de anencefalia não é crime.
A decisão, que passa a valer após a publicação no "Diário de Justiça", não considerou a sugestão de alguns ministros para que fosse recomendado ao Ministério da Saúde e ao Conselho Federal de Medicina que adotassem medidas para viabilizar o aborto nos casos de anencefalia. Também foram desconsideradas as propostas de incluir, no entendimento do Supremo, regras para a implementação da decisão.
O Código Penal criminaliza o aborto, com exceção aos casos de estupro e de risco à vida da mãe, e não cita a interrupção da gravidez de feto anencéfalo. Para a maioria do plenário do STF, obrigar a mulher manter a gravidez diante do diagnóstico de anencefalia implica em risco à saúde física e psicológica. Aliado ao sofrimento da gestante, o principal argumento para permitir a interrupção da gestação nesses casos foi a impossibilidade de sobrevida do feto fora do útero.
“Aborto é crime contra a vida. Tutela-se a vida em potencial. No caso do anencéfalo, não existe vida possível. O feto anencéfalo é biologicamente vivo, por ser formado por células vivas, e juridicamente morto, não gozando de proteção estatal. [...] O anencéfalo jamais se tornará uma pessoa. Em síntese, não se cuida de vida em potencial, mas de morte segura. Anencefalia é incompatível com a vida”, afirmou o relator da ação, ministro Marco Aurélio Mello.
A decisão foi tomada pelo STF ao analisar ação proposta em 2004 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde, que pediu ao Supremo a permissão para, em caso de anencefalia, ser interrompida a gravidez.
Os ministros se preocuparam em ressaltar que o entendimento não autoriza “práticas abortivas”, nem obriga a interrupção da gravidez de anencéfalo. Apenas dá à mulher a possibilidade de escolher ou não o aborto em casos de anencefalia.
“Faço questão de frisar que este Supremo Tribunal Federal não está decidindo permitir o aborto. [...] Não se cuida aqui de obrigar. Estamos deliberando sobre a possibilidade jurídica de um médico ajudar uma pessoa que esteja grávida de feto anencéfalo de ter a liberdade de seguir o que achar o melhor caminho”, disse Cármen Lúcia.

Entenda mais sobre o assunto:

A anencefalia é um defeito congênito, que atinge o embrião por volta da quarta semana de desenvolvimento, ou seja, numa fase muito precoce. Em função dessa anomalia, ocorre um erro no fechamento do tubo neural, sem o desenvolvimento do cérebro. 


          Segundo o médico docente em genética na Universidade de São Paulo (USP) e especialista em medicina fetal, Thomaz Rafael Gollop, a sobrevida sem a estrutura cerebral é, na maioria dos casos, de poucas horas. Cinquenta por cento das mortes em casos de anencefalia são provocadas ainda na vida intrauterina. Dos que nascem com vida, 99% morrem logo após o parto e o restante pode sobreviver por dias, ou poucos meses. 

Veja agora algumas imagens fortes de bebês com anencefalia:



            "Os que sobrevivem, conseguem fazer o movimento involuntário de engolir, respirar e manter os batimentos cardíacos, já que essas funções são controladas pelo tronco cerebral, a região que não é atingida pela anomalia. Alguns não precisam do auxílio de aparelhos e chegam até a serem levados para casa, mas vivem em estado vegetativo, sem a parte da consciência, que é de responsabilidade do cérebro", afirma o professor de bioética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), José Roberto Goldim.
            Já os casos de bebês que apresentam uma sobrevida maior - de até 2 anos - os especialistas concordam que não podem ser considerados anencefalia. Thomaz Gollop cita como exemplo a menina Marcela de Jesus Galante Ferreira, que sobreviveu 1 ano e 8 meses após ser diagnosticada como anencéfala. Para o geneticista, esse é um caso extremamente raro de uma anomalia chamada merocrania - quando há resquícios do cérebro revestido por uma membrana que protege contra infecções e prolonga a expectativa de vida. "Mesmo assim, todos os casos também culminam na morte".

Brasil é o quarto País com maior incidência de casos

           A incidência é de aproximadamente um em cada mil nascimentos no Brasil. "Isso corresponde a cerca de 3 mil casos por ano", afirma Gollop. Segundo ele, o País é o quarto do mundo com o maior número de casos de anencefalia. Em primeiro lugar está o País de Gales. "Não sabemos por que da incidência maior nesses países, já que apresentam características tão diferentes", afirma.
            A ciência ainda não sabe explicar exatamente as causas da anencefalia. Gollop explica que ela é uma condição multifatorial, influenciada por fatores genéticos, ambientais, sazonais e geográficos. O médico disse ainda que há formas de prevenir pelo menos metade das ocorrências a partir da ingestão de ácido fólico (um tipo de vitamina B) dois meses antes e no primeiro mês da gestação.


domingo, 22 de abril de 2012

Dia da Terra

Hoje dia 22 de Abril comemoramos o dia internacional da Terra.

Dia para lembrar de cuidar do nosso planeta, garantindo que ao exercer nosso nicho ecológico, possamos preservar nosso habitat, valorizando as ideias de James Lovelock. Gaia agradece.

Comemoramos, também, o dia da aviação de caça da FAB.

sábado, 21 de abril de 2012

Respondendo ao desafio Vida em Detalhes que foi cancelado:

A flor Brinco de Princesa tem dificuldade em se auto polinizar, pois suas anteras estão voltadas para baixo em uma posição mais baixa que seu estigma. Isto aumenta sua variabilidade genética, já que estas flores acabam por ser polinizadas por insetos que trazem pólen de outras flores.
Parabéns!
Aos alunos que contribuíram para a construção do vídeo no. 3 do ROCA.
Este foi escolhido o melhor através da enquete livre realizada nesta última semana.
Vídeo no. 1 alcançou 176 votos (30%);
vídeo no. 2 alcançou 143 votos (24%);
vídeo no. 3 venceu com 254 votos (44%).

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O clipe vencedor foi o da cantora inglesa Adele, já esperávamos. Agora interessante mesmo é a "atração" internacional da festa da cerveja não obteve um voto sequer. Por quê?
Este vídeo é parte do show gravada ao vivo no Royal Albert Hall.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Durante o mês de março os alunos do 2o ano do ROCA pesquisaram e produziram três vídeos. Estes estarão em uma enquete durante toda a semana que vem. Escolha o melhor e vote. Leve em conta a originalidade, a qualidade, a ortografia, clareza correção das informações (se possível).
Se encontrar algum erro poste no e-mail: bioulisses@hotmail.com

Vídeo no. 1

Vídeo no. 2

Vídeo no. 3
Devido a problemas técnicos no Blogger, os desafios desta semana, inclusive os desta semana, estão suspensos até normalização. Contudo as atividades e postagens continuam, fiquem de olho!

domingo, 8 de abril de 2012

A beleza da polinização


Aprecie a beleza das imagens! Em seguida responda:
Qual é a relação ecológica entre os animais e as plantas?

Parabéns!

a aluna Letícia Gomes do 3º Ano - Uno Vértice por ter respondido corretamente ao desafio Vida em detalhes:
Vida em detalhes


Células epiteliais que revestem a traqueia humana. Algumas das células estão cobertas de cílios (azul), enquanto outros têm microvilos pequenos (marrom) que aumentam a área de superfície das células. Letícia Gomes 3º uno. Por Letícia Gomes  em 27/03/12

Este foi o vídeo clipe eleito




Este clipe foi o vencedor da enquete feita na semana passada. Christina Perri  é uma cantora e compositora americana. Esta canção  ganhou destaque nos Estados Unidos depois que ela foi destaque no programa de televisão So You Think You Can Dance do canal Fox em 2010.